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Lula e Zema trocam farpas sobre ministério e dívidas em MG

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O reencontro entre o presidente Lula (PT) e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em evento nesta terça-feira (11) em Betim (MG) foi marcado por um embate público entre os dois, com cobranças e provocações.
 

Somos o estado que mais contribuiu com o saldo da balança comercial

Zema cobrou, de forma indireta, o presidente pelos vetos ao Propag (Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados) e criticou secretariados e ministérios inchados. Lula, por sua vez, elogiou a equipe, disse que o crescimento na economia do país ocorreu graças ao seu trabalho e criticou quem tenta mentir sobre suas contas.
 
Foi a primeira vez que o governador de Minas Gerais e o presidente foram vistos juntos publicamente desde março do ano passado, quando tiveram reunião em Brasília para discutir a renegociação da dívida estadual. No mês anterior ao encontro na capital federal, Zema havia sido vaiado ao participar do anúncio de investimentos do governo Lula em Belo Horizonte.
 
O político do Novo vem tentando se movimentar para disputar a Presidência em 2026, mas depende dos planos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem pretende ter o apoio. O evento desta terça o ajudou a se expor como antagonista do petista.

 
Lula e Zema estiveram juntos para participar da inauguração do centro de desenvolvimento de produtos de mobilidade híbrida-flex do Polo Automotivo Stellantis. Em sua fala mais direta, Zema defendeu o Propag, vetado parcialmente por Lula.
 
“Somos o estado que mais contribuiu com o saldo da balança comercial. Foi gerado aqui nessa terra [em] que hoje nós temos dificuldades para manter as estradas boas, mantermos um ensino adequado devido, agora espero que tenhamos uma correção aos juros que nós pagamos de uma divida bilionária, de 30 anos, ao governo federal. Estamos confiantes que finalmente vamos ter a solução na origem e não empurrando ele para frente como sempre aconteceu”, disse.
 
Lula não respondeu ao governador de forma direta, mas criticou mentiras sobre as contas públicas.
 
“Aqui nesse país, se achava que mentir ao mundo era fácil. As pessoas achavam que se poderia mentir ao FMI. E depois o FMI vinha aqui investigar as nossas contas. As pessoas achavam que era fácil mentir aos nossos credores internacionais. O mundo não comporta mentira”, afirmou.
 
A resposta mais direta pelo lado do governo federal veio do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), que aproveitou para exaltar o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), preferido de Lula para a sucessão de Zema.
 
“Não poderia deixar de agradecer pelo seu espírito público, […] tratando todos os estados de forma igual, sem considerar a questão partidária. Essa demonstração o senhor deu na prática, quando aprovou o Propag junto com presidente Rodrigo Pacheco no Congresso Nacional. A dívida de Minas cresceu nos últimos cinco anos mais de 50%. Passando de R$ 110 bilhões em 2019 para R$ 165 bilhões”, disse Silveira.
 
Zema também provocou o presidente ao falar do número de secretarias de seu governo.
 

Apesar de sermos o segundo estado mais populoso do Brasil, somos o que tem menor número de secretarias: 14

“Apesar de sermos o segundo estado mais populoso do Brasil, somos o que tem menor número de secretarias: 14. Mas para time ganhar campeonato não precisa de 20, 30 jogadores em campo, não. Precisa de 11 craques e é o que nós temos feito aqui”, disse ele.
 
O presidente, que tem mais de 30 ministérios, respondeu de forma mais direta. “Tenho muita sorte de montar essa equipe extraordinária como essa aqui. Porque o importante não é discutir se você tem uma ou dez. O importante é discutir a qualidade das pessoas que você tem, os compromissos que as pessoas têm.”
 
Ele também provocou Zema com comparações entre o crescimento da economia em seu governo e no de Bolsonaro, apoiado pelo governador mineiro.
 
“Graças à minha equipe, precisou eu voltar à Presidência para a economia voltar acima de 3%. Ela não crescia há quanto tempo? Zema não lembra há quanto tempo essa economia não crescia mais que 3%. Nem você nem um economista. Precisou entrar aqui um cara de sorte, com equipe de sorte para fazer a economia crescesse dois anos seguidos”, disse ele.
 
O embate público entre Zema e Lula se intensificou no início deste ano, quando o presidente vetou artigos do programa de renegociação de dívidas estaduais e foi criticado pelo governador nas redes sociais.
 
Em evento em Brasília para a assinatura do contrato de concessão da rodovia BR-381, no qual Zema não estava presente, Lula chegou a se comparar a Jesus Cristo para rebater as críticas do governador.
 
Desde então, o político do Novo vinha alegando ter agendas em outros locais para justificar sua ausência e enviava o vice-governador, Mateus Simões (Novo), como seu emissário –ele também foi vaiado em evento com o presidente em junho.



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