Guerra da Ucrânia: EUA e Rússia concordam em trabalhar juntos para acabar com conflito

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    Crédito, Getty ImagesLegenda da foto, Marco Rubio e Sergei Lavrov se reuniram por cerca de cinco horasHá 4 minutosEste foi um dos resultados da reunião entre as delegações dos Estados Unidos e da Rússia em Riad, capital da Arábia Saudita, para a qual não foram convidados representantes da Ucrânia ou de qualquer país europeu.Além de encerrar os combates, as autoridades concordaram em “preparar o terreno” para uma cooperação futura em “questões de interesse geopolítico mútuo e nas oportunidades históricas econômicas e de investimento que surgirão de uma resolução bem-sucedida do conflito na Ucrânia”, disse o comunicado divulgado pelo Departamento de Estado.”Um telefonema seguido de uma reunião não é suficiente para estabelecer uma paz duradoura. Precisamos agir, e hoje demos um importante passo à frente”, acrescentou a declaração.Moscou, por sua vez, simplesmente afirmou que as negociações “não correram mal”.Crédito, Getty ImagesLegenda da foto, O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lamentou que seu país não tenha sido convidado a participar das negociações.Marco Rubio: ‘Ninguém ficou de fora’Após a reunião, que durou cinco horas, Rubio negou que a ausência de representantes da Ucrânia e da União Europeia pudesse ser interpretada como uma exclusão destes países das conversas sobre um acordo de paz.”Ninguém ficou de fora aqui”, disse o chefe da diplomacia dos Estados Unidos durante uma entrevista coletiva.Rubio disse então que essas negociações poderiam produzir “algumas coisas muito positivas para os Estados Unidos, para a Europa, para a Ucrânia, para o mundo”.”Mas, primeiro, temos que pôr fim a esse conflito”, disse Rubio.Ele disse que esta reunião é “o primeiro passo de um longo e difícil caminho” para acabar com a guerra e que ele busca “estabelecer linhas de comunicação” entre Washington e Moscou.O ministro russo, por sua vez, considerou que as conversas foram importantes porque “ouvimos uns aos outros”.Ele disse que os Estados Unidos e a Rússia restabeleceriam mutuamente seus embaixadores, porque precisariam de missões diplomáticas ativas “que pudessem funcionar normalmente para continuar” as negociações.Sobre as sanções contra a Rússia, ele disse que “todas as partes” devem fazer “concessões” para acabar com “qualquer conflito”.Ele resumiu a reunião de hoje como “o primeiro passo de uma longa e difícil jornada” para acabar com a guerra na Ucrânia.Crédito, Getty ImagesLegenda da foto, O encontro entre Rubio e Lavrov ocorreu poucos dias antes da guerra na Ucrânia completar três anosRússia reforça suas linhas vermelhasSergei Lavrov, por sua vez, descreveu as conversas de terça-feira como “muito úteis”.”Tenho motivos para acreditar que o lado americano agora entende melhor nossa posição”, disse ele.Sobre a reintegração de embaixadores, ele explicou que os Estados Unidos fará primeiro sua nomeação, e a Rússia fará o mesmo em seguida.Ele disse que ambos os governos também removeriam “obstáculos às missões diplomáticas”, incluindo restrições às transferências bancárias.O ministro das Relações Exteriores russo reiterou a posição de seu governo de que qualquer expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a admissão da Ucrânia seriam uma “ameaça direta” a Moscou.O chefe da diplomacia russa também rejeitou a possibilidade de enviar soldados estrangeiros para garantir o cumprimento de um possível acordo de paz.”A presença de forças armadas sob outra bandeira não muda nada. Claro, é totalmente inaceitável”, disse ele.Lavrov se recusou a comentar as declarações feitas pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que disse nos últimos dias que não aceitará nenhum acordo do qual seu país não participe.O Kremlin insistiu que Putin está pronto para conversar com Zelensky “se necessário”.Da Turquia, o presidente ucraniano lamentou que “as conversas sobre (a guerra na) Ucrânia tenham sido realizadas sem a participação da Ucrânia” e pediu aos seus aliados que “não cometam erros”.Moscou descreveu a possibilidade de um encontro presencial entre os dois líderes nos próximos dias como “improvável”.”Concordamos que uma equipe separada de negociadores estabelecerá contato no devido tempo”, disse Yuri Ushakov, conselheiro de relações exteriores de Putin.Zelensky: ‘Temos que participar’Enquanto os ministros das Relações Exteriores dos Estados Unidos e da Rússia realizavam conversas na Arábia Saudita, Zelensky estava na Turquia para uma reunião com o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan.Zelensky reafirmou sua posição de que a Ucrânia deve participar das negociações de paz.”A Ucrânia e a Europa no sentido mais amplo — e isso inclui a União Europeia, a Turquia e o Reino Unido — devem estar envolvidas nas negociações e no desenvolvimento das garantias de segurança necessárias com os Estados Unidos”, disse ele.Ele acrescentou: “Queremos que tudo seja justo e que ninguém decida nada pelas nossas costas… Não fomos convidados para esta reunião russo-americana na Arábia Saudita. Foi uma surpresa para nós, assim como para muitas outras pessoas. Soubemos disso pela mídia.”Sobre a disputa territorial da guerra, ele disse que “por mais difícil que seja para nós, a Ucrânia não reconhecerá legalmente as partes ocupadas pela Rússia”.Ele afirmou ainda: “O leste (da Ucrânia) é nosso, a Crimeia é nossa, e também todas as outras cidades e vilas que são importantes para nós.””Sabemos que os Estados Unidos e vários parceiros europeus não apoiam nossa filiação à Otan. Acho que esse é um grande desejo da Rússia e coincide com esse resultado”, disse ele.Ele também revelou que adiou para para 10 de março uma visita à Arábia Saudita que programada para esta semana.Essa é exatamente a imagem que a Rússia quer passar ao mundoAnálise de Sarah RainsfordCorrespondente da BBC na Europa OrientalA visão de altos representantes russos e americanos sentados novamente ao redor de uma grande mesa de madeira é extraordinária no contexto atual e provavelmente muito difícil de digerir para muitos, especialmente os ucranianos.Mas é exatamente essa a imagem que Moscou quer transmitir ao mundo: a Rússia na “mesa principal” da diplomacia global, parecendo estar no mesmo nível dos Estados Unidos e até mesmo ter capacidade de tomar decisões.Porque não se trata de uma Rússia derrotada, forçada a sentar-se à mesa de negociações. É como se os Estados Unidos estivessem convidando o agressor a definir seus termos para a paz.Uma destas autoridades russas, o veterano ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, é até mesmo alvo de sanções dos Estados Unidos por seu envolvimento em uma “guerra intencional brutal” que ele apoia totalmente.Os Estados Unidos dizem que estão tentando sondar Moscou para checar se eles estão falando sério sobre acabar com a invasão.Mas a Rússia projetará neste momento a imagem em torno da brilhante mesa saudita como prova de que a guerra na Ucrânia e o subsequente isolamento da Rússia foram apenas um incidente isolado e que tudo logo voltará a ser como era antes.



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