A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira (14.02) a Operação Fake News para investigar a suposta autoria de Gustavo Henrique Duarte, secretário municipal de Assistência Social de Várzea Grande (MT), na criação e divulgação de informações falsas contra o governador Mauro Mendes (União) durante a campanha eleitoral de 2022. A ação resultou na prisão em flagrante do secretário por desacato e no cumprimento de três mandados de busca e apreensão em endereços de Cuiabá e Várzea Grande.
Segundo a PF, o grupo investigado atuava na disseminação de vídeos caluniosos com o objetivo de interferir nas eleições estaduais. Entre os materiais apreendidos estão celulares e outros dispositivos digitais que serão analisados para rastrear a origem das publicações.
O vídeo que acirrou os ânimos
A investigação aponta que um dos conteúdos sob análise é um vídeo gravado por Gustavo Duarte em agosto de 2022, no qual ele questiona o uso de um avião pelo governador para viajar de Cuiabá ao resort Malai Manso, em Chapada dos Guimarães (67 km da capital). Na ocasião, Duarte – que também é bispo de uma igreja evangélica – ironizou: “Ô governador, o senhor veio de Cuiabá para cá, é verdade? Por que o senhor não veio de carro?”.
O episódio ganhou novo capítulo em 17 de janeiro deste ano, quando a primeira-dama do estado, Virginia Mendes, confrontou publicamente o secretário durante um evento em Várzea Grande: “O senhor atacou tanto ele (Mauro Mendes) naquele vídeo… Machucou muito a gente”, desabafou Virginia, destacando que o conteúdo gerou impacto emocional em sua família.
Após confronto, secretário pede desculpas
No dia seguinte ao embate público com a primeira-dama (18.01), Gustavo Duarte divulgou um novo vídeo pedindo desculpas pelo ocorrido: “Reconheço que houve exageros [no vídeo de 2022], e peço perdão ao governador Mauro Mendes e sua família”, declarou. O gesto não impediu que o caso retornasse à pauta das autoridades: nesta sexta-feira (14), além da prisão temporária do secretário por desacato durante as buscas da PF**, agentes coletaram provas digitais para detalhar as conexões do grupo com outras supostas fake news eleitorais.
A PF não divulgou detalhes sobre outros alvos ou se há indícios de envolvimento político-partidário nas ações do grupo investigado. O governador Mauro Mendes ainda não se pronunciou sobre o caso. Gustavo Duarte foi liberado após prestar depoimento na Superintendência da PF em Cuiabá e poderá responder por crimes como calúnia, difamação e interferência ilícita no processo eleitoral.
A operação reforça o debate sobre o combate à desinformação nas eleições brasileiras – tema que vem mobilizando ações coordenadas entre Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ministério Público e forças de segurança desde 2020.
Veja vídeo do site Olhar Direto:
*Com informações da Polícia Federal.
