O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje que a decisão do Banco Central desta quarta-feira de subir a taxa de juros em 1 ponto percentual foi surpresa “por um lado”, mas já havia precificação no mercado por esse caminho.
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— Foi (surpresa), por um lado. Mas, por outro lado, tinha uma precificação (dos agentes de mercado) nesse sentido. Vou ler com calma, analisar o comunicado, falar com algumas pessoas depois do período de silêncio — disse o ministro, ao ser questionado por jornalistas sobre a decisão
Nesta noite, o Comitê de Política Monetária do BC não só acelerou novamente o ritmo de alta da taxa Selic como prometeu um aumento da mesma magnitude nas próximas duas reuniões do comitê. A Selic subiu de 11,25% para 12,25% ao ano. Se a promessa se materializar nas próximas duas reuniões, a taxa chegaria a 14,25%, o pico dos juros no governo de Dilma Rousseff.
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Haddad foi questionado ainda sobre o pacote fiscal em tramitação no Congresso Nacional. Disse que uma semana é suficiente para as medidas serem aprovadas nas duas Casas. E que o ajuste fiscal, estimado em R$ 70 bilhões até 2026, foi o viável politicamente.
— Esse tipo de coisa é difícil de processar no Congresso Nacional. A gente mandou um ajuste que consideramos adequado e viável politicamente. Você pode mandar o dobro para lá, mas o que vai sair é o que importa — afirmou.
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O ministro ainda reconheceu ser possível mudar trechos do projeto.
— Se precisar melhorar a redação em algo, vai ser melhorada a redação. Nós estamos confiantes de que vamos alcançar aqueles valores.
Nas redes sociais, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), chamou de “irresponsável, insana e desastrosa” a decisão do BC e disse que a alta de 1 ponto percentual na Selic vai custar cerca de R$ 50 bilhões na dívida pública.
“O BC está ignorando o esforço e o sacrifício do governo em tomar medidas fiscais, que já estão no Congresso, para limitar o crescimento da despesa”, escreveu, voltando a criticar o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Gleisi não mencionou, porém, Gabriel Galíplo, atual diretor de Política Monetária do BC que foi indicado por Lula para assumir a presidência da instituição em janeiro e que também votou por uma alta de 1 ponto percentual, assim como os demais três diretores nomeados pelo presidente.