O filho mais velho de Gisele Mendes de Souza e Mello, de 55 anos, capitã de mar e guerra que morreu após ser baleada na cabeça, esteve no Instituto Médico-Legal nesta quarta-feira para reconhecer o corpo da mãe. Em entrevista ao GLOBO, Carlos Eduardo Mello, de 30 anos, pontuou que a tragédia ocorreu no Dia Internacional dos Direitos Humanos e no aniversário de 22 anos de seu irmão. Ele, que trabalha como assessor da vereadora Mônica Cunha (Psol), criticou a política de segurança do estado e afirmou que mudanças são indispensáveis para que inocentes deixem de morrer.
— No Dia Internacional dos Direitos Humanos, aniversário de 22 anos do meu irmão, eu, que atuo como defensor de direitos humanos, acordo com a notícia da morte violenta da minha mãe, da forma que eu tanto luto contra. Espero muito que comecemos a repensar essa lógica de segurança pública que não faz o menor sentido. Lógica que cada vez mais mata inocentes. Ninguém se sente mais seguro na cidade do Rio de Janeiro: crianças estão morrendo, inocentes estão morrendo, militares estão morrendo, médicas estão morrendo. Alguma coisa está errada — lamentou.
Mello também fez um apelo para que a morte de sua mãe não seja usada para reforçar discursos que ignoram as causas estruturais da violência:
— Espero, do fundo do meu coração, que o caso dela não seja utilizado para reforçar esse caráter violento da nossa cidade. Ninguém quer atacar realmente as causas do caos urbano que vivemos. Ninguém quer atacar a desigualdade social, ninguém quer dar igualdade de oportunidades, ninguém quer garantir direitos básicos para os que mais precisam, que, sem isso, buscam formas de sobrevivência. Sempre haverá quem aceite entrar para o tráfico, quem aceite pegar uma arma para ganhar dinheiro.
A médica oficial da Marinha, Gisele Mendes de Souza e Mello, capitã de mar e guerra, foi baleada na cabeça, enquanto participava de uma cerimônia no auditório da Escola de Saúde da Marinha, que faz parte do terreno do Hospital Naval Marcílio Dias, no Lins de Vasconcelos, Zona Norte.
O hospital está localizado no Complexo de Favelas do Lins, onde uma operação policial ocorria no momento do disparo. Gisele foi socorrida e submetida a uma cirurgia, mas não resistiu e morreu ainda na terça-feira.
Segundo o filho mais velho de Gisele, o tiro que matou a oficial entrou pela parte de trás da cabeça e se alojou no cérebro. Na manhã desta quarta-feira, a família dela esteve no Instituto Médico-Legal (IML) para realizar a liberação do corpo. O local do sepultamento ainda não foi divulgado.
A Polícia Civil informou que realizará perícias para determinar a origem do disparo que vitimou a médica.
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